segunda-feira, junho 18, 2007

Os amigos e o Djavan


Tô ouvindo agora o CD (acho que na época foi LP!) "Coisa de acender", do Djavan. Adoro esse moço, hehe. Já fui em pelo menos uns 10 shows dele, desde o CD "Novena", lá pelos idos de 94. Aliás, nunca entendi por que ele nunca mais cantou "Sem saber" nos shows seguintes...

Tinha uma época que eu era viciado, só ouvia o cara, acho que foi entre 93 e 96. As músicas dele só me trazem lembranças boas, de uma turma de amigos que curti muito e que marcou minha vida pra sempre: Bilu, Pulga, Priscila, Daniela, Antão (meu padrinho de casamento) e principalmente a Tainá. Foi uma época muito boa, estávamos sempre juntos nos divertindo, todos ralando na faculdade, começando a trabalhar. Era só chegar a 6a-feira que nos encontrávamos no mesmo batlocal (o prédio que o pessoal morava, todos menos eu e o Antão moravam lá) e íamos para alguma baladinha. Curtíamos muito karaokê e sempre dávamos vexame cantando Djavan, Gilberto Gil e Bob Marley (hehe, uma vez íamos cantar "Is this love?" e os caras colocaram a versão do Whitesnake, ficamos como um dois de paus lá no palco sem saber a letra, a galera vaiando e nós nos matando de rir!). Voltando à Tainá, ela era a grande fã do Djavan na galera. Sabia tudo, adorava, foi ela quem praticamente abriu meus olhos pro talento do moço. Fomos em vários shows juntos, a maioria deles lá no antigo Palace, pegávamos o busão de volta na avenida Ibirapuera e voltávamos com um sorrisão no rosto. Por onde será que ela anda?

Frequentávamos muito um bar lá na Vila Madalena, chamado "Veneno Cor de Rosa" (que por sinal é uma música da Marina Lima). O bar era muito bacana, ficava lá na rua da delegacia, na mesma rua do Bom Motivo e onde fica hoje uma unidade do Cultura Inglesa. Era uma casinha daquelas típicas da região, um sobradinho com um quintal na frente. Tinha mesinhas lá fora, mas o negócio era ficar lá dentro. Tinha um cara que tocava muito chamado Samir. Era a grande atração da noite, tocava de tudo, Beto Guedes, João Bosco ("Corsário" - uau!), Milton Nascimento e, claro, Djavan. Sempre pedíamos pra ele tocar "Flor de Liz" e eu e a Tainá dançávamos um sambinha mal dançado, pisando um no pé do outro. Uma vez fomos pra lá na 4a-feira e eu tomei um dos maiores porres da minha vida, que horror.

Um dia estávamos lá no prédio, acho que era um domingo daqueles meio sem graça, quando sentimos um cheiro muito bom vindo de algum apartamento. Ficamos encafifados, não conseguíamos identificar que comida hora e de onde vinha. Cerca de meia hora depois aparece a Tainá. Comentamos do cheiro e ela disse: "é o virado de feijão do meu pai, ele acabou de fazer!". "Puta que pariu", dissemos, "que cheiro bom!". Ela abriu o sorrisão e nos convidou pra subir e experimentar. Bom, subimos lá, falamos oi pros velhos e nos mandamos pra cozinha. O estranho é que não tinha cheiro nenhum, nada. Achamos estranho mas não falamos nada. A Tainá esquentou o virado e colocou um pouco pra cada um. Comemos a gororoba, foi o pior feijão que comi na minha vida! :-)

Voltando ao Djavan, acho esse CD um dos melhores, senão o melhor. As letras são lindas, a música nem se fala. Difícil falar de favoritas, mas acho que "Boa Noite" ("...vida foi feita pra estar, em dia com a fome...") e "Linha do Equador" ("...se tivesse mais alma pra dar eu daria, isso pra mim é viver...") são as melhores. Adoro o astral delas, super pra cima, lembro de tê-las dançado muito nos shows (eles sempre as toca). Aliás, os shows são muito bacanas, muito alto astral, dança-se às pampas, no final ele convida todo mundo pra se aproximar do palco e vira a maior festa.

Assisti uma entrevista com ele (ou talvez assisti em algum DVD) em que ele conta porque se chama Djavan. A mãe dele havia sonhado com um barco bem grande, um cargueiro talvez, que navegava lá em Alagoas se afastando vagarosamente da costa. O barco se chamava Djavan. Ele disse na entrevista: "não sei se o sonho é verdadeiro, mas a estória é bem bonita, não é mesmo?". Concordo.

Aí vai um vídeo de voz e violão, gravado lá no Parc Güell em Barça. A música é "Doidice", última faixa do CD "Não é azul mas é mar", de 1987.



DOIDICE
Djavan

É natural
um vendaval
que passa aqui
mais doidice ali
ou uma seca que arrasou
pior é não te ver agora
aflora vícios
claras manhãs
ou tanto mais
que eu possa ter
nada quer dizer
se o teu beijo não é meu
cio chegando
calor explodindo
temores rondando o ar
e eu pensando em ti
me apaixonei
talvez, pode ser
enlouqueci
não sei, nunca vi
preciso sair
depois que eu descobri
que há você
nunca mais existi...

7 comentários:

bibi move disse...

eu gosto daquela da cor que azuleija o dia sabe?
ENgraçado eu nao gostava nunca de Djavan até ter ido parar sem querer num show dele , entrando pela saida de emergencia de bobeira. GAmei. que espetáculo esse homem cantando ao vivo!

Zeca disse...

Oi Bibi! Também gosto, chama-se "Azul". Eu não sei se vem de Deus, do seu ficar azul...

Conseguiu ver o vídeo? Tive problemas pra incluir ele aqui! Só consegui agora, depois do post já publicado...

Lili disse...

Minha preferida é "Topázio".
E ele, que é tão pequenininho, fica gigante no palco...
Amo-de-paixão!

Andréa disse...

Eu tambem adoro Djavan e ouvia muito o som dele na esma epoca que vc mencionou. Minhas recordacoes sao bem diferentes, mas a musica era mesma. Adorei suas historias. :)

Zeca disse...

Lili: Topázio é bem bacana mesmo. Fiquei com essa música na cabeça depois que você escreveu aqui que gosta dela. "...meu coração vaso quebrado...".

Andréa: A música tem esse poder, não é mesmo? Lembrar-nos de momentos bons ou ruins que passamos na vida. E lembrar é tão bom, né? :)

Lili disse...

Zeca, estou reunindo umas músicas em português pra fazer um CDzinho "pra dirigir" (o carro). Fui baixar "Topázio", no E-mule e veio a versão do SongBook de Djavan, com Paulinho Moska cantando. Não conhecia...Vc já ouviu? Linda demais...Beijão!

Zeca disse...

Lili: nunca ouvi essa versão... vou procurar na net e baixar tb!