Me lembro como se fosse hoje quando comprei meu primeiro CD. Eu estudava lá na PUC, no campus da Rua Marquês de Paranaguá, que fica lá perto da Praça Roosevelt, entre a Consolação e a Augusta, centro de Sampa. Eu não tinha emprego na época e fazia uns bicos trabalhando de mesário em jogos de futebol de salão. Trabalhava a maioria dos finais de semana, no sábado ou no domingo, o que me garantia uma graninha bacana pra me divertir. Quando juntei um pouquinho, a primeira coisa que fiz foi comprar um aparelho de som gradiente, com CD player. Comprei lá no Mappin(?) do Shopping Morumbi, junto com meu amigo e padrinho de casamento Ricardo Antão.
Tendo então comprado o som, peguei dois CDs emprestados com alguém da faculdade (não me lembro quem), mas não tinha um CD próprio. Saí uma manhã da PUC e caminhei em direção à Praça da República, tendo como destino o Mappin da praça Ramos de Azevedo. Entrei na loja e fiquei lá mais de uma hora, olhando os CDs e pensando qual levar. Tinha grana para um apenas e quis escolher bem.
Acabei pegando "O sorrido do gato de Alice", da Gal Costa. Não me lembro porque. A capa era bem bonita, branca, com um sorriso lindo (sorriso da Gal, igual ao do gato). Olhei as músicas, não conhecia nenhuma. Mas por algum motivo ele foi o escolhido.
Hoje, depois de 14 anos (acho eu), não me considero um fã da Gal Costa. Respeito-a como cantora, mas acredito que ultimamente (últimos 10 anos) ela não está sendo muito feliz na escolha do repertório etc. Mas tem uma coisa: quando ela acerta uma música, é incrível, não tem pra ninguém. Dois ótimos exemplos são "Se todos fossem iguais a você" e "Caminhos cruzados", gravado ao vivo em um show em homenagem ao Tom Jobim e com presença do próprio, além de outros cobras como Herbie Hencock (diretor artístico do show), Gonzalo Rubalcaba, Shirley Horn, Ron Carter e Joe Henderson, pra citar alguns. A Gal canta lindamente as duas músicas, emocionada, com a voz limpa, suave e poderosa. Maravilhoso! O CD chama-se "Antonio Carlos Jobim and Friends", gravado em setembro de 1993 em São Paulo, naquele que seria o último show com o Tom em terras brasileiras.
Outra música que adoro com a Gal é "Nuvem Negra", que está exatamente no "sorriso...". Tenho o CD até hoje e esta é a única música que me lembro. Mas é fantástica!
Achei hoje no YouTube um vídeo com ela, o Djavan (compositor) e o Chico Buarque. Os três cantam a música, com o Djavan tocando violão. Divirtam-se!
Nuvem Negra, Djavan
Não adianta me ver sorrir
Espelho meu
Meu riso é seu
Eu estou ilha ... da
Hoje não ligo a TV
Nem mesmo pra ver o Jô
Não vou sair
Se ligarem não estou
À manhã que vem
Nem bom-dia eu vou dar
Se chegar alguém
A me pedir um favor
Eu não sei
Tá difícil ser eu
Sem reclamar de tu ...do
Passa nuvem negra
Larga o dia
E vê se leva o mal
Que me arrasou
Pra que não faça sofrer mais ninguém
Esse amor que é raro
E é preciso
Pra nos levantar
Me derrubou
nao sabe parar de crescer
e doer
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Um comentário:
Que presente lindo, Zeca! Eu nao conhecia essa musica...
A sua descricao de lugares em Sampa me deixou saudosa (ate pelo Mappin da Praca Ramos, imagine).
Bjs.
Regina
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